quarta-feira, 22 de julho de 2015

Com o Aumento das Secas e sem Ajuda Governamental, a Produção de Coco Verde no Perímetro Irrigado Curu-Paraipaba tende a Diminuir no Município, Afetando a Renda Financeira de 1.070 Produtores


A Falta d'água prejudica produção e afeta competitividade com outros estados. Agricultores cobram apoio para continuar a produzir.
No perímetro irrigado Curu-Paraipaba, o verde dos coqueiros restantes contrasta com a tristeza de quem viu a plantação definhar. Projeto não recebe água do açude Pentecoste há um ano e meio.

Agricultores comentam sobre o Assunto
- Aos 74 anos, Chico Patrício sorri, fala com voz atropelada, se apoia no tronco de um coqueiro morto, Chora por uns minutos, Pede desculpas por não conseguir responder como tem se sustentado nos últimos meses, depois recupera a voz e garante ser forte. No lote onde já plantou de tudo desde a década de 1970, segundo o agricultor, a plantação de coco estava se recuperando de uma infestação de lagartas quando a seca virou o problema. Ele é um dos 1.070 produtores do perímetro irrigado Curu-Paraipaba, a 90 quilômetros de Fortaleza. Por ali, a água que vinha do açude Pentecoste foi cortada em janeiro de 2014. No fundo do quintal, Chico cuida de quase mil mudas. Estão prontas para substituir o coqueiral perdido na área de quase quatro mil hectares. Mas só quando tiver água de volta no perímetro ou quando conseguir dinheiro ou crédito no banco para perfurar poço.
- Em outro setor das terras, Expedito Gomes, de 72 Anos, já tem poço cavado. Falta quitar uma dívida de R$ 6 mil para ter energia elétrica e conseguir mudar o sistema de bombeamento. Por enquanto, mostra a paisagem de coqueiros que não resistiram. Começando do zero, o ciclo do coco leva pelo menos três anos até dar boa produção.
- No lote de Jarbas Duarte, de 41 Anos, Ainda dá para tirar coco todo mês. A solução para a irrigação diária foi um buraco feito na baixa do terreno, mas a produção caiu.

Perda na Produção e na Competição
- Acostumados à fartura, os irrigantes tiveram sortes diferentes na primeira estiagem com restrições ao abastecimento do projeto. A perda na produção é de 70% na área de 610 mil coqueiros, com frutos que abasteciam o Ceará e todo o Brasil. Quem consegue colher é porque encontrou água de outras formas. Fica difícil manter a competição direta com Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte. E o principal consumidor agora é Fortaleza, conta o irrigante Fernando Braga, 53. “Não nos preparamos para a seca”, admite. Na porção dele, foram cinco meses sem dar coco no ano passado. Período entre conseguir dois financiamentos junto aos bancos e colocar o poço para funcionar. “Não reagiu ainda como esperei, mas está dando para segurar. Eu produzia entre 15 mil e 18 mil cocos por mês, agora a média é 4 mil”, compara.

Sobre o Perímetro
- O perímetro é dividido em oito setores com 806 lotes. Com terras para uso agrícola e moradias, o projeto hoje abriga 7,3 mil pessoas. Chamados de piscinas, seis reservatórios dentro do perímetro servem para receber as águas que vinham do açude Pentecoste pelo rio Curu. De lá, o recurso era bombeado para o sistema coletivo de irrigação. As piscinas têm apenas poças formadas nas últimas chuvas. No entorno delas, os irrigantes aguardam a perfuração de mais poços profundos. Já foram seis deles cavados pelo Dnocs. (Thaís Brito)

Fonte: OPovo

Pedidos de Ajuda
- Um olhar mais atento do Governo do Estado para a perfuração de poços e programas de acesso ao crédito são os pedidos da Associação do Distrito de Irrigação Curu-Paraipaba. A dificuldade, explica a presidente Socorro Barbosa, é estar em um projeto de administração do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). “Dizem (Governo do Estado) que nada podem fazer porque é área federal. Ainda assim, fazemos um apelo para que nos ajudem. Nada como um governador para saber nossa necessidade. Queremos continuar a produzir”, diz Socorro Barbosa.

Investimento Público-Privado
- Para os irrigantes que não têm a escritura dos lotes, o financiamento máximo pelos bancos é de R$ 20 mil, quantia considerada insuficiente para perfurar poço, pagar pela parte elétrica de bombeamento e comprar os adubos. Para quem tem a escritura da terra, os custos ficam perto de R$ 15 mil, conta a vereadora Rosiane Pessoa, também produtora no perímetro. Além das alternativas de abastecimento, a seca traz a necessidade de tentar novas fontes de renda. A associação orienta a criação de galinha caipira ou a plantação de culturas que necessitam de menos água, como hortaliças e frutas com irrigação por gotejamento. A ideia não é substituir por completo a plantação dos cocos, mas ter cultivos complementares para futuros períodos de estiagem.

Fonte: OPovo

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