segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Dona Calunga Falece aos 88 Anos, a Ex-Paraipabense nos conta um Pouco da sua História de Vida

SABE QUEM FOI DONA  CALUNGA?
SABE QUEM FOI DONA CALUNGA?

Nasci em um povoado de nome Paraipaba, lá no Estado do Ceará em 07 de novembro de 1926. Aqui na Amazônia, lembro todos os dias de meus pais e meus sete irmãos e irmãs. Migrei com meu esposo em 1956 e nos instalamos na Colônia Agrícola do IATA, nas proximidades da Cachoeira do Pau Grande. Nossa casa ficava às margens da Estrada de Ferro Madeira Mamoré e meu marido foi trabalhar no seringal do Augusto Lopes localizado na região da cachoeira do Ribeirão.

Alguns anos depois, meu marido nos deixou e foi morar com outra família. Fiquei sozinha com minhas filhas ainda pequenas. Casei outras vezes, tive nove filhos e sou avó, bisavó e tataravó de vinte e cinco netos, trinta e dois bisnetos e três tataranetos.

Em 1959 deixei o IATA e fui morar em Guajará-Mirim. Demorei pouco, pois já estava de arribada para o Igarapé Ribeirão, depois fui residir no Igarapé Limão, nas proximidades do Igarapé Lages e por fim, no dia 31 de julho de 1980, estabeleci-me em definitivo no povoado de Vila Nova, hoje Nova Mamoré.

Trabalhei duro, de sol a sol para sustentar minha família. “trabalhei muito na diária descascando macaxeira, torrando farinha e cortando arroz nas roças dos outros. No intervalo para o almoço, eu não voltava para casa, ficava na roça, fazia um buraco no chão, forrava com estopa e ia pilar arroz para o sustento da minha família. Ninguém nunca passou fome ou necessidade, porque Deus sempre me deu saúde e coragem para trabalhar”.

Quando fui morar em Vila Nova, trabalhei vários anos na cantina da Escola Casimiro de Abreu, juntamente com minha filha Maria Evanilda. Vendíamos pastéis, cascalho, cocretes e saquinhos de picolé para a criançada. O pouco que ganhava era o suficiente para sustentar minha família com dignidade. “ Sou grata com a vida que tenho, ela sempre me deu saúde, amigos e uma família que me deu coragem de permanecer nesta distante região da Amazônia, mesmo sonhando todos os dias com meus pais e meus irmãos, lá pras bandas do Ceará”.

Dona Calunga, uma das pioneiras de Nova Mamoré faleceu no último dia 24 de outubro, aos 88 anos de idade. No dia 07 de Novembro, dona Calunga completaria 89 anos. Seu nome era Maria Cardoso Filha. Esse apelido ela ganhou ainda em Paraipaba, mas não soube dizer o motivo.

Autor: Simon Oliveira dos Santos – Mestre em Ciências da Linguagem e membro da Academia Guajaramirense de Letras – AGL.

Fica Aqui o nosso Registro de Saudações a essa Mulher Batalhadora e Guerreira, +1 Personagem da História de Paraipaba que concerteza vai ficar na saudade daqueles que a conheceram!.

Fonte: http://www.portalmamore.com.br/sabe-quem-foi-dona-calunga/

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